terça-feira, 27 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
MACONHA PARA A SAÚDE (Reblogando do Blog Integrada e Marginal)
Há alguém fumando maconha no Rock in Rio? Os seguranças pegam-nos pelo pescoço, dão-lhes uns tapas, levam para a delegacia, aceitam qualquer prenda ou o cidadão é convidado a apagar o cigarro? O que é que vocês acham? Entre 300 milhões de usuários de drogas no mundo ninguém está, neste momento, acendendo um cigarro de maconha no meio de tudo?
Não me chama atenção o rock in ruínas. Há muito tempo o rock é um mito a derrubar. Pois derrubaram. Cláudia Leite e Ivete Sangalo e por aí, incluindo sertanejos e padres, já mostraram. Faltou Luan Santana. Drogas legalizadas, que fazem um mal horrível e que os jovens, e não só eles, são incentivados a consumir, sem saber que a ditadura dos dias de hoje é o consumismo. Fora isso, má informação (ou má intenção?) porque Martinho da Vila, Sandra de Sá e Bebel Gilberto nunca foram roqueiros na vida.
O jornal O Globo mais uma vez (lenta e gradualmente) traz a sua opinião de "vanguarda" em editorial, seguindo a idéia do exmo.sr.ex.presidente.e.agora.comandante da Comissão Global de Política sobre Drogas, Fernando Henrique Cardoso (aquele!) o que equivale a dizer que defender a descriminalização da maconha é também uma política do jornal.
E eu? Como é que eu fico? É ele o meu comandante, agora? Tomou a minha bandeira? E O Globo é meu porta-voz? Meu Deus! Estou enlouquecendo, me ajudem.
Li muitas vezes o texto. Reparei, por exemplo, que foi abordado o aumento do consumo global de drogas, os bilhões que gera e que nem a Coca-Cola iguala, o caso mexicano, o da Colômbia, do Afeganistão, de El Salvador mas não fala, em nenhum momento, na questão das armas. Estranho, não? Também não fala na extinção dos pobres entre 18 e 25 anos, nem nos milhares que se espremem nas cadeias.
E tem mais: de repente, uma frase solta, assim, como quem pousa, quase no fim do texto "Se é fato que muitas pessoas caem na armadilha das drogas é justo dar-lhes também o direito de sair". Fiquei pensando no que isso podia significar. Armadilha? Justo? Dar-lhes o direito? Que é isso, afinal?
"Cada vez é mais evidente o fracasso da guerra às drogas declarada há cerca de 40 anos pelo presidente Nixon", diz o editorial. Ora, Nixon caiu, mas a guerra continuou. Não seria o caso de interromper por aí?
O Estado prefere abrir mão desse absurdo de dinheiro para poupar-nos a saúde? Que bonzinho! Mas o Estado não precisa de dinheiro para a saúde? Quem sabe? Imposto direto sobre comercialização, venda e consumo. Quer fonte melhor?
Acho que a idéia não é má, afinal, há dois editoriais na edição do globo de 25 de setembro. Um se refere à CPMF; outro, à descriminalização da maconha. Editoriais não são escritos por acaso, vocês sabem.
E agora? Mas até hoje se dizia que a maconha era ruim para a saúde?
Quer dizer que agora não é mais? É a mesma coisa que o açúcar, o café, o chocolate?
Ah, bom.
Então dá para pensar em caixas de cigarros vendidos na banca com fotos dos âncoras de O Globo dizendo, sorridentes:
Maconha não faz mais mal à saúde. [Clique aqui para ler a postagem no Blog Integrada e Marginal]
Não me chama atenção o rock in ruínas. Há muito tempo o rock é um mito a derrubar. Pois derrubaram. Cláudia Leite e Ivete Sangalo e por aí, incluindo sertanejos e padres, já mostraram. Faltou Luan Santana. Drogas legalizadas, que fazem um mal horrível e que os jovens, e não só eles, são incentivados a consumir, sem saber que a ditadura dos dias de hoje é o consumismo. Fora isso, má informação (ou má intenção?) porque Martinho da Vila, Sandra de Sá e Bebel Gilberto nunca foram roqueiros na vida.
O jornal O Globo mais uma vez (lenta e gradualmente) traz a sua opinião de "vanguarda" em editorial, seguindo a idéia do exmo.sr.ex.presidente.e.agora.comandante da Comissão Global de Política sobre Drogas, Fernando Henrique Cardoso (aquele!) o que equivale a dizer que defender a descriminalização da maconha é também uma política do jornal.
E eu? Como é que eu fico? É ele o meu comandante, agora? Tomou a minha bandeira? E O Globo é meu porta-voz? Meu Deus! Estou enlouquecendo, me ajudem.
Li muitas vezes o texto. Reparei, por exemplo, que foi abordado o aumento do consumo global de drogas, os bilhões que gera e que nem a Coca-Cola iguala, o caso mexicano, o da Colômbia, do Afeganistão, de El Salvador mas não fala, em nenhum momento, na questão das armas. Estranho, não? Também não fala na extinção dos pobres entre 18 e 25 anos, nem nos milhares que se espremem nas cadeias.
E tem mais: de repente, uma frase solta, assim, como quem pousa, quase no fim do texto "Se é fato que muitas pessoas caem na armadilha das drogas é justo dar-lhes também o direito de sair". Fiquei pensando no que isso podia significar. Armadilha? Justo? Dar-lhes o direito? Que é isso, afinal?
"Cada vez é mais evidente o fracasso da guerra às drogas declarada há cerca de 40 anos pelo presidente Nixon", diz o editorial. Ora, Nixon caiu, mas a guerra continuou. Não seria o caso de interromper por aí?
O Estado prefere abrir mão desse absurdo de dinheiro para poupar-nos a saúde? Que bonzinho! Mas o Estado não precisa de dinheiro para a saúde? Quem sabe? Imposto direto sobre comercialização, venda e consumo. Quer fonte melhor?
Acho que a idéia não é má, afinal, há dois editoriais na edição do globo de 25 de setembro. Um se refere à CPMF; outro, à descriminalização da maconha. Editoriais não são escritos por acaso, vocês sabem.
E agora? Mas até hoje se dizia que a maconha era ruim para a saúde?
Quer dizer que agora não é mais? É a mesma coisa que o açúcar, o café, o chocolate?
Ah, bom.
Então dá para pensar em caixas de cigarros vendidos na banca com fotos dos âncoras de O Globo dizendo, sorridentes:
Maconha não faz mais mal à saúde. [Clique aqui para ler a postagem no Blog Integrada e Marginal]
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Legalize a Maconha, leia Gênesis 1:29
E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes e se acham na superfície da terra e todas as árvores em que há fruto e dê semente. Isso vos será para mantimento.
Gênesis 1:29
Bíblia Cristã
Gênesis 1:29
Bíblia Cristã
Clique nas imagens para ampliar.
Reprodução amplamente permitida.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Minha primeira vez!
Hoje será minha primeira vez no Blog da ASMA como bloqueira e para começar não quero dizer o quão bem ou mal a maconha faz para um usuário, não quero cair nos clichês que estamos cansados de ver por ai, nem pro lado de quem discorda da legalização, usando termos como “drogas blah” ou o mais clichês de todos “maconha é a porta para drogas mais fortes”, como também não quero usar coisas como “uma erva natural não pode lhe prejudicar” ( Pelo menos não quero usar AINDA).
Quero que levemos em conta somente a política antidrogas aplicada, tente separar seus conceitos e ideologia ao ler esse texto e análise da melhor maneira.
Hoje temos uma política e uma policia com grandes tendências a corrupção, acredito que isso não seja novidade e que ninguém se espante com essa afirmação, por maior que seja a apreensão de maconha em nossas fronteiras, essas ações não chegam a apreender nem 5% da cannabis que entra no nosso país, 80% das pessoas que usam algum tipo de droga ilícita fuma um baseado e a principal questão, a meu ver, é que hoje em dia é mais fácil comprar maconha do que cigarro.
Colocando todos esses pontos claros, jogo na mesa a problemática central. A proibição dessa erva esta sendo funcional? A política adotada esta funcionando para impedir que as pessoas usem drogas? Não galera, não esta funcionando, tem pessoas sendo presas por portarem 2 ou 3 até mesmo 10 basiados, BASEADO em que?
Todo mundo gosta de alterar seu estado de sobriedade, é um médico com seus estimulantes e wisque , os advogados com charutos e sua vodka, o peão com a cerva gelada no bar, a dona de casa com seus calmantes, os traídos com anti-depressivos e se eu não parar agora será uma lista interminável de pessoas ditas corretas, sérias e com seus pudores todos a flor da pele que por algum motivo ou não gosta bastante de alterar seu estado normal com inúmeras drogas licitas sem muitos questionamentos.
Por que toda essa hipocrisia em torno da maconha? Não me ajuda em nada essa limitação de debates a não ser pra matar mais e mais crianças em favelas. A proibição não funcionou a situação das cidades brasileiras nos mostra isso todos os dias nos telejornais que vemos pela manhã ou mesmo a noite.
Pode ser que a regulamentação ou até mesmo a legalização da maconha não traga a solução de todos os nossos problemas assim de bandeja, porém esta claro quem venceu a GUERRA CONTRA AS DROGAS, e essa vitória não foi de governo algum.
Medidas novas causam espanto, medo, mas temos que começar a temer o que realmente é uma ameaça, todos os dias morrem pessoas, pessoas que mal viveram e já chegaram no fim, e não foi porquê fumaram um...
Esta na hora dos debates serem francos e verdadeiros.
Sem Mais
Isabella Santos
Sem Mais
Isabella Santos
domingo, 10 de julho de 2011
Quinta-feira: atividade do DAR debate psicodelia
Haverá transmissão online em growroom.net/aovivo
“O LSD abriu meus olhos. Se somente usamos uma décima parte de nosso cérebro, imagine o que podemos conseguir usando o resto. Se os políticos usassem LSD, não haveriam mais guerras, pobreza e fome.” Paul Mc Cartney
“A vivência de um perpétuo presente, criado por um apocalipse em contínua transformação”. Aldous Huxley
“Estudar drogas é estudar a sociedade”. Gilberto Velho
“O meu conselho para as pessoas atualmente é o seguinte : se você leva o jogo da vida a sério, se você leva o seu sistema nervoso a sério, se você leva os seus órgãos de sentido a sério, se você leva o processo da energia a sério, você tem que se ligar, sintonizar e cair fora [tune in, turn on and drop out].” Timothy Leary
“Por favor não consumam mais drogas. Somos muitos e sobra pouca.” Lawrence Carnot
terça-feira, 5 de julho de 2011
Maconha é má?
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Marcha da Maconha como deve ser sempre, na PAZ...
Cheguei no MASP faltava cinco pra meio dia, o clima era de paz e tranquilidade. Comecei a torcer para a Marcha da Maconha ser assim, até estranhei de começo a grande quantidade de viaturas do outro lado da avenida, mas percebi que era normal pelo tamanho do evento.
Aos poucos foi chegando o pessoal da organização e fizemos uma oficina muito boa no vão livre do MASP, começavam a perguntar se precisávamos de ajuda e faziam vários cartazes, que acabaram sendo um espetáculo a parte com faixas maravilhosas. A criatividade dos maconheiros sempre me surpreende, abaixo tem alguns cartazes que chamaram a atenção.
Aos poucos foi chegando o pessoal da organização e fizemos uma oficina muito boa no vão livre do MASP, começavam a perguntar se precisávamos de ajuda e faziam vários cartazes, que acabaram sendo um espetáculo a parte com faixas maravilhosas. A criatividade dos maconheiros sempre me surpreende, abaixo tem alguns cartazes que chamaram a atenção.
Faixa do nosso coletivo - Presença garantida na Marcha da Maconha
Boa diversidade de cartazes e idéias...
Achei essa o máximo... Boa sacada..
"Curtindo" um verdim
Imaginem um basiado desse tamanho!!!
O tráfico é contra legalização, e você?!?!
Existem três tipos de pessoas: as que fumam maconha, as que já fumaram e as que vão fumar..
Respeito, liberdade e não financiar mais o tráfico... Fazem parte das nossas idéias...
Belo trocadilho...
Enfim, uma festa com alegria, com todos se divertindo, se concentrando e na correria para agilizar os últimos detalhes quando chega a hora tão esperada. A hora de ir pra rua, aos gritos de "Eu, sou maconheiros, com muito orgulho, com muito amooor" fomos para a Paulista depois de oito anos conseguimos fazer a marcha de forma legal, depois das Marchas Verde, depois das Marchas da Maconha no Ibirapuera e da última Marcha da Maconha reprimida covardemente pela Tropa de Choque conseguimos gritar pacificamente contra a lei que proíbe o uso da maconha, uma lei retrógrada e sem sentido. Fomos para a rua, gritando e sendo fotografados por centenas de lentes, registando esse momento histórico...
Na frente do Conjunto Nacional marchamos de ré em homenagem ao judiciário paulista e contra a ação covarde da Tropa de Choque na última Marcha da Maconha, descemos a Augusta em festa, contando com a participação até de quem não estava na Marcha, da janela de suas casa as pessoas apareciam acenando, com faixas, fumando um, com desenhos da folha, curtindo com o pessoal a Marcha, mesmo fora dela.
Entramos na Antonio de Queiroz e seguimos até a rua Consolação, sempre chamando muita atenção das pessoas que estavam de fora da Marcha... Quando entramos na Consolação fizemos um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da Guerra as Drogas... De lá fomos até a biblioteca Mario de Andrade, onde dispersamos na praça...
Outra coisa que chama muita atenção são os gritos que a galera chama na Marcha... Desde o mais conhecido e o que mas agita "Eu, sou maconheiro, com muito orgulho, com muito amor", outros puxados na hora e como "Dilma Roussef, legaliza o beck" e o provocativos, que são maravilhosos "Ei polícia, maconha é uma delícia", "Coxinha é que faz mal, maconha é natural", "Polícia que vergonha, seu filho, também fuma maconha", "Polícia sem vergonha, VOCÊ, também fuma maconha" e "Kassab sem vergonha, o busão tá mais caro que a maconha" e inúmeros outros gritos bons também que passaria o dia todo relatando aqui...
Saí de lá satisfeito que minha preocupação inicial foi sem sentido pois, a Marcha da Maconha ocorreu sem maiores problemas... Uma festa, mas uma festa com um motivo que unia a todos que estavam lá, a luta pela legalização da maconha, que está se tornando uma luta consciente e politizada...
A ASMA agradece ao Growroom, ao Coletivo Dar e a todos que ajudaram a organizar e/ou participaram dessa Marcha da Maconha, ano que vem a ASMA vai organizar uma em Guarulhos e contamos com a participação de todos vocês...
Pra encerrar vai um vídeo da Marcha da Maconha na hora da saída:
sexta-feira, 1 de julho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Pelé apóia debate pela legalização
Ontem no programa CQC, da TV Band, o ex-jogador de futebol, Pelé confirmou que é a favor do debate pela legalização da Maconha.no Brasil.
Perguntado sobre o que achava das recentes opiniões do ex-presidente FHC (Alusão ao fato do ex-presidente ter se pronunciado favorável a legalização), o Rei do Futebol afirmou que devemos debater tudo nesta vida.
A legalização Salvará Vidas
Ajude a combater o crime organizado, venha você também para a Marcha da Maconha 2011 em São Paulo - Dia 2 de Julho de 2011 no vão livre do MASP, na Avenida Paulista.
O Tráfico de drogas, é contra a legalização, e você?
Perguntado sobre o que achava das recentes opiniões do ex-presidente FHC (Alusão ao fato do ex-presidente ter se pronunciado favorável a legalização), o Rei do Futebol afirmou que devemos debater tudo nesta vida.
A legalização Salvará Vidas
Ajude a combater o crime organizado, venha você também para a Marcha da Maconha 2011 em São Paulo - Dia 2 de Julho de 2011 no vão livre do MASP, na Avenida Paulista.
O Tráfico de drogas, é contra a legalização, e você?
segunda-feira, 27 de junho de 2011
A "maldita e o Padim Cícero"
Os jornais, vez por outra, noticiam a descoberta de plantações de maconha em terras potiguares, no Seridó e no Alto-Oeste. Essas lavouras teriam surgido, dizem os entendidos (epa!), por conta do assédio da Polícia Federal aos latifúndios do chamado Polígono - ou Triângulo - da Maconha, nos cafundós de Pernambuco, ribeiras do São Francisco.
A atividade, o plantio, o canhameiral, pode ser até novidade para os nossos sertanejos. O uso da droga – pernicioso ou não – é secular. A “erva maldita”, veladamente, por baixo do pano, sempre esteve presente nos sertões nordestinos.
Graciliano Ramos, escrevendo o “Linhas Tortas”, em Palmeira dos Índios, no sertão das Alagoas, afirmava que “nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda usam a liamba”. “Liamba” é uma das denominações seculares da maconha no Nordeste e tem origem africana. Ly-amba, em Angola, São Tomé e Príncipe. Já “dirígio” (ou “dirijo”) é vocábulo indígena, amazonense, nosso, brasileiro – embora Nei Lopes, pesquisador carioca, tenha acenado ser, “provavelmente”, de origem banta. Ambos, sem dúvida, relativos à cachimbagem dos africanos e à pajelança dos silvícolas, nos seus ricos rituais de invocações às divindades representativas das forças da Natureza.Nunca misteriosa, sempre perigosa e deletéria, a maconha, noutra modalidade de uso, recebeu na Arábia o nome de “haxixe”. É a resina, a cera extraída das flores e dos frutos (“belotas”). Homero, falando da embriaguês a que se entregavam os citas, faz alusão à inalação dos vapores do cânhamo. Os orientais servem-se do haxixe pitando o narguilé – cachimbo composto de um fornilho, um tubo e um vaso cheio de água perfumada, por onde atravessa a fumaça antes de chegar à boca do usuário. Mil anos a.C., os hindus já consideravam o cânhamo como “planta sagrada”, havendo, no Rig-Veda, alusão a respeito. “Charas”, na Índia, é, também, sinônimo de “costume”. Notável, curioso, é que, no Brasil – aqui mesmo em Natal, nas comunidades periféricas ou nos condomínios de luxo - , qualquer dependente da maconha, com ou sem leitura, sabe que “chara” equivale a um longo, grosso,
“substancial” “canela-de-anjo”, um “cheio” !
A sinonímia é extensa: maconha, aliamba, atchí, bagulho, bengue, birra, bosta-de-burro, cabeça-de-nego, coisa, diamba, dirígio, dirijo, dorme-dorme, elba-ramalho, erva, erva-do-diabo, erva-do-sonho, erva-maldita, erva-do-cão, erva-do-capeta, fuminho, fumo, fumo-de-angola, fumo-do-mato, fumo-da-Índia, fumo-selvagem, jererê, liamba, manga-rosa, maria-joana, massa, mato, muamba, mutuca, pacau, palha, pango, preto, rabo-de-raposa, ralfe, riamba, tabana-gira, sariema, soruma e (ufa!) suruma.
Voltando à nossa interlândia, Otoniel Menezes, no seu “Sertão de Espinho e de Flor”, de 1952 (reedição à vista agora, em 2005 ), anotando a palavra “liamba”, citando fontes raras, fidedignas, descobriu que no tempo do Padre Cícero, em Juazeiro, a Meca nordestina, dos muitos “endemoniados e possessos” levados, às vezes até amarrados, à presença do patriarca para a benção curadora , boa parcela estava de “cabeça feita”, patota muito “doidona”.
Laélio Fereira de Melo
sexta-feira, 24 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Oficina de Cartazes para a Marcha da Maconha : Sábado 25/06 na Paulista
Sábado, 25/06, 14h20, no MASP (Av. Paulista SP/SP)
Traga tinta, papelão, cabo de vassoura, pedaços de madeira, cartolina, panos para fazer faixas e o que mais a criatividade alcançar.
Agora que o STF liberou, faremos a Marcha mais bonita!
Dessa vez sem as cores do spray de pimenta, sem o branco do gás lacrimogênio e sem o multicolorido dos hematomas deixados pela polícia.
Legaliza, Brasil!
Traga tinta, papelão, cabo de vassoura, pedaços de madeira, cartolina, panos para fazer faixas e o que mais a criatividade alcançar.
Agora que o STF liberou, faremos a Marcha mais bonita!
Dessa vez sem as cores do spray de pimenta, sem o branco do gás lacrimogênio e sem o multicolorido dos hematomas deixados pela polícia.
Legaliza, Brasil!
UFSC descobre componente da maconha capaz de ajudar na superação de traumas psicológicos
Substância funciona como ansiolítico, mas sem efeitos colaterais
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Santa Catarina mostrou que a maconha pode ajudar pacientes em tratamento psicológico. A descoberta, feita pelo departamento de Farmacologia do Centro de Ciências Biológicas, apontou o canabidiol como aliado para diminuir ansiedade causada por experiências traumáticas.
Os pesquisadores utilizaram animais para chegar à conclusão: eles simularam uma situação traumática através de choque moderado nas patas. Depois, os pesquisadores os colocavam no mesmo ambiente e registravam os sinais de medo, caracterizado por imobilidade. Segundo o coordenador dos estudos, professor Reinaldo Takahashi, é semelhante ao trauma de uma pessoa que foi assaltada em um lugar e fica com medo sempre que passa pelo mesmo local.
O uso do canabidiol seria utilizado para aliviar a ansiedade durante o tratamento chamado terapia de exposição — de voltar ao mesmo ambiente que gerou o trauma até o local deixar de ser ameaçador. Os efeitos, segundo o professor, são mais prolongados e eficientes com a substância.
Os medicamentos utilizados hoje têm grandes efeitos colaterais como dependência, sonolência excessiva, piora da memória, tonturas e zumbidos. Além disso, utilizando apenas o canabidiol, não haveria os efeitos típicos da maconha, como falhas na memória recente, taquicardia, boca seca, incoordenação motora, agitação e tosse.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
LEGALIZAR AS DROGAS - EDITORIAL DA FOLHA DE SÃO PAULO 19/06/11
Após descriminalizar o uso pessoal, em 2006, país deve acelerar debate na direção de rever proibição da maconha e outras substâncias banidas.
A decisão do Supremo Tribunal Federal de autorizar a Marcha da Maconha dá ensejo para retomar o debate sobre legalização e descriminalização das drogas.
Em realidade, existem dois debates. O primeiro, sobre descriminalização, ou despenalização (eliminar ou abrandar punições ao consumidor), avançou de forma considerável no Brasil.
O segundo, sobre legalização (autorizar produção, venda e consumo de substâncias hoje proibidas), mal caminhou por aqui. Se é que não retrocedeu, como sugere a renitente sanha proibicionista contra
manifestações públicas pela mudança na legislação.
Esta Folha defende desde os anos 1990 que se faça uma discussão serena e sem preconceito de propostas alternativas para enfrentar o flagelo das drogas.
Em 1994, por exemplo, no editorial "Drogas às Claras", já reconhecia a falência das políticas repressivas. Advogava que a abordagem policial fosse substituída pela ótica da saúde pública, com ênfase em programas
de prevenção e recuperação de dependentes. A legalização, preconizava, acabaria com o prêmio pelo risco que multiplica o valor da droga e, assim, o lucro dos traficantes.
O foco principal, no entanto, ainda recaía sobre a descriminalização. Ela só chegou ao país em 2006, com a lei nº 11.343, que livrou o porte e o consumo pessoal da pena de prisão, substituindo-a por advertência,
prestação de serviços e medidas educativas (programas de reabilitação), sob pena de multa. A nova lei deu ao juiz o poder de decidir, em cada situação, se o portador seria considerado consumidor ou traficante.
Um progresso notável, e como tal foi saudado pela Folha. O debate nacional e mundial, contudo, não parou por aí. Ganhou reforços e respeitabilidade o outro ponto de vista, a favor da legalização.
A Holanda autorizou a venda para consumo individual, em cafés especializados (hoje já se discutem ali restrições, como proibir a venda a estrangeiros). Portugal também liberalizou o uso. Surgiu a Comissão Global sobre Política de Drogas, que reúne em favor da tese personalidades como Fernando Henrique Cardoso, George Shultz, Kofi Annan, Mario Vargas Llosa e Paul Volcker.
Tais figuras são insuspeitas de fazer apologia das drogas. Apoiam a tese da legalização com argumentos racionais: bilhões despendidos na guerra contra as drogas não diminuíram a demanda e a oferta (estima-se
que o uso de cocaína no mundo tenha aumentado 27% entre 1998 e 2008); o consumo de drogas é irreprimível; produção e venda, se controladas e taxadas, gerariam recursos para prevenção e tratamento.
Os adversários dessa perspectiva argumentam, não sem razão, que tornar as drogas legais provavelmente elevará o consumo. Mesmo que a legalização se restrinja ao que se convencionou chamar de "drogas
leves" (categoria que inclui a maconha, por vezes também o ecstasy), haveria o risco de abrir uma porta para as mais pesadas (como crack e cocaína). São razões ponderáveis, que recomendam cautela, gradualismo e controle na adoção de políticas alternativas. A Folha avalia que chegou o momento de avançar na matéria, dando novos passos para a legalização.
Primeiro, da maconha: se ela tem impacto na saúde comparável ao docigarro e ao do álcool, que se ofereça a possibilidade de consumo dessa outra droga ao público, com limitações análogas às do tabaco e
da bebida.
Esse seria o objetivo de médio e longo prazos. Antes haveria necessidade de fazer o tema avançar no plano internacional, pois parece irrealista que um país adote sozinho uma liberalização mais ousada. É crucial coordenar políticas nacionais, e o governo brasileiro deveria engajar-se na promoção do debate em foros
multilaterais.
Há aperfeiçoamentos imediatos por fazer, ainda, na política nacional de descriminalização. Faz sentido permitir o uso da maconha em rituais religiosos, como já ocorre com a ayahuasca no culto do Santo-Daime e similares. Seria igualmente desejável limitar o arbítrio de juízes na
caracterização de quem é traficante ou apenas usuário, por meio de gradação nas quantidades e tipos de droga.
Por fim, em matéria tão controversa, recomenda-se alguma forma de consulta popular. Se aprovada no Congresso, a legalização da maconha deveria ser submetida a referendo, após acúmulo de dados e estudos
para avaliar objetivamente a experiência. A inclusão de outras drogas poderia, em seguida, ser objeto de plebiscito.
Ativista da legalização na #MarchaDaLiberdade |
FOLHA de SÃO PAULO 16/06/2011
domingo, 19 de junho de 2011
Militante preso como traficante por cultivar maconha
Após a Marcha da Maconha de Brasília, no dia 4 de junho, a polícia prendeu um grower (militantes que cultivam a maconha) alegando ser um traficante.
Conhecido como Sativa Lover, esse militante tinha pés de maconha em casa que usava para o consumo próprio, além disso, estava sempre dando dicas e ajudando quem queria começar a sua plantação e não sabia muito bem como.
Prender um grower, alegando que é traficante é o cúmulo da hipocrisia, da repressão e da cegueira... QUEM COMPRA, NÃO PLANTA E QUEM NÃO PLANTA NÃO FINANCIA O TRÁFICO, aí fica a pergunta: qual a lógica de prender quem planta para consumo próprio como traficante?
Não existe resposta lógica ou que seja aceitável para tal atitude... É uma coisa extremamente óbvia, os militantes da Marcha da Maconha sempre defenderam o cultivo caseiro para não financiar mais o tráfico, e então somos obrigados a ver um de nossos militantes preso como traficante...
A galera do Growroom, um site recomendadíssimo por esse blog, junto com a Rádio Legalize fizeram um vídeo para o Sativa Lover onde diversos músicos como Digão (Raimundos), Badauí (CPM 22), Samuel Rosa (Skank), mandam mensagem de apoio para ele. É o vídeo que segue abaixo da postagem...
Na internet há várias demonstrações de solidariedade e apoio, que vão desde querer dar uma força ao grower, até de revolta contra a situação, tanto que existe há várias pessoas que postam no twitter #liberdadesativalover movidos pela indignação do ocorrido...
Essa postagem é mais uma das milhares de mensagens de apoio que o grower Sativa Lover está recebendo... Esperamos que essa situação sem cabimento acabe logo e que ele consiga ter a sua vida de volta...
Veja a mensagem de apoio abaixo:
Conhecido como Sativa Lover, esse militante tinha pés de maconha em casa que usava para o consumo próprio, além disso, estava sempre dando dicas e ajudando quem queria começar a sua plantação e não sabia muito bem como.
Prender um grower, alegando que é traficante é o cúmulo da hipocrisia, da repressão e da cegueira... QUEM COMPRA, NÃO PLANTA E QUEM NÃO PLANTA NÃO FINANCIA O TRÁFICO, aí fica a pergunta: qual a lógica de prender quem planta para consumo próprio como traficante?
Não existe resposta lógica ou que seja aceitável para tal atitude... É uma coisa extremamente óbvia, os militantes da Marcha da Maconha sempre defenderam o cultivo caseiro para não financiar mais o tráfico, e então somos obrigados a ver um de nossos militantes preso como traficante...
A galera do Growroom, um site recomendadíssimo por esse blog, junto com a Rádio Legalize fizeram um vídeo para o Sativa Lover onde diversos músicos como Digão (Raimundos), Badauí (CPM 22), Samuel Rosa (Skank), mandam mensagem de apoio para ele. É o vídeo que segue abaixo da postagem...
Na internet há várias demonstrações de solidariedade e apoio, que vão desde querer dar uma força ao grower, até de revolta contra a situação, tanto que existe há várias pessoas que postam no twitter #liberdadesativalover movidos pela indignação do ocorrido...
Essa postagem é mais uma das milhares de mensagens de apoio que o grower Sativa Lover está recebendo... Esperamos que essa situação sem cabimento acabe logo e que ele consiga ter a sua vida de volta...
Veja a mensagem de apoio abaixo:
terça-feira, 7 de junho de 2011
Sergio Vidal fala da regulamentação da cannabis medicinal no Brasil
O antropólogo Sergio Vidal fala da regulamentação da cannabis medicinal no Brasil durante debate realizado na UnB.
sábado, 4 de junho de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Ex Prefeito de Guarulhos escreve sobre a descriminalização das drogas
“Crimes podem ser ou não ser, conforme a relatividade dos costumes”
Você se lembra de que durante mais de um milênio emprestar dinheiro a juros (então chamada usura) era crime? Lembra-se quando no Brasil Colônia produzir manufaturas era crime, pois Portugal tinha uma visão de que o Brasil era um lugar apenas para ser explorado? Lembra-se que naquela época criticar o rei era crime de traição, como blasfemar era também crime? Lembra-se que professar outras crenças religiosas que não fosse a estrita observância dos dogmas católicos era crime e que por esta razão muitos foram condenados, como Lutero, Calvino, e milhares pereceram na fogueira da Inquisição? Lembra-se que quando Galileu disse que a Terra girava ao redor do Sol e não o contrário, como a religião afirmava, ele teve que renegar suas ideias sob pena de prisão ou morte? Lembra-se que na Alemanha hitlerista ser judeu era crime? Lembra-se que até recentemente era crime uma mulher manter relações fora do casamento (o adultério)?
Nem tudo que é crime hoje será crime amanhã. Há um núcleo duro do crime que atravessa e atravessará incólume milênios, o homicídio, o roubo, o estupro e alguns outros. Fora estes, os outros crimes podem ser ou não ser, conforme a relatividade dos costumes, das concepções predominantes na sociedade, dos interesses dos que detêm o poder, seja político, seja econômico, seja religioso, seja midiático.
O atual debate, que timidamente se inicia na sociedade brasileira, sobre a descriminalização das drogas não é novidade no mundo. Vários países já avançaram muito nisso, e não aconteceu nenhuma tragédia lá. Inclusive entre estes países está o nosso irmão mais velho, Portugal. Um país de povo aparentemente conservador e tradicionalista, que respira uma relação reverencial com sua densa história, tem demonstrado, pela sua maioria, posições muito abertas e arejadas nestas questões. Não é o que ocorre normalmente nos países sob influência predominante dos Estados Unidos, onde a postura é criminalizar ao máximo, prender ao máximo. No Brasil, ainda sob enorme influência da cultura norte-americana, o Poder Judiciário proíbe até passeata a favor da descriminalização da maconha, e a Polícia Militar reprime com cassetete e balas de borracha.
Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, o ex-presidente do banco Central norte-americano, Paul Volcker, o ex-candidato a presidente do Peru, o escritor Mário Vargas Llosa, os ex-presidentes da Colômbia e do México, Cesar Gaviria e Ernesto Zedillo, mais outros ex de corte conservador na política, reuniram-se numa comissão mundial que defende alterações na política sobre drogas. É hora da sociedade progressista entrar mais firme para romper tabus.
Nem tudo que é crime hoje será crime amanhã. Há um núcleo duro do crime que atravessa e atravessará incólume milênios, o homicídio, o roubo, o estupro e alguns outros. Fora estes, os outros crimes podem ser ou não ser, conforme a relatividade dos costumes, das concepções predominantes na sociedade, dos interesses dos que detêm o poder, seja político, seja econômico, seja religioso, seja midiático.
O atual debate, que timidamente se inicia na sociedade brasileira, sobre a descriminalização das drogas não é novidade no mundo. Vários países já avançaram muito nisso, e não aconteceu nenhuma tragédia lá. Inclusive entre estes países está o nosso irmão mais velho, Portugal. Um país de povo aparentemente conservador e tradicionalista, que respira uma relação reverencial com sua densa história, tem demonstrado, pela sua maioria, posições muito abertas e arejadas nestas questões. Não é o que ocorre normalmente nos países sob influência predominante dos Estados Unidos, onde a postura é criminalizar ao máximo, prender ao máximo. No Brasil, ainda sob enorme influência da cultura norte-americana, o Poder Judiciário proíbe até passeata a favor da descriminalização da maconha, e a Polícia Militar reprime com cassetete e balas de borracha.
Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, o ex-presidente do banco Central norte-americano, Paul Volcker, o ex-candidato a presidente do Peru, o escritor Mário Vargas Llosa, os ex-presidentes da Colômbia e do México, Cesar Gaviria e Ernesto Zedillo, mais outros ex de corte conservador na política, reuniram-se numa comissão mundial que defende alterações na política sobre drogas. É hora da sociedade progressista entrar mais firme para romper tabus.
Elói Pietá
O Texto original encontra-se na página do jornal "Diário de Guarulhos"
Elói Pietá, Profesor e Advogado é ex prefeito de Guarulhos, ex vereador e ex deputado, casado com a deputada federal pelo PT de São Paulo, Janete Pietá, é atualmente Vicê Presidente da Fundação Perseu Abramo.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
A legalização da maconha e suas consequências
1 – INTRODUÇÃO
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Publicado no Boletim Jurídico |
Quando nos disponibilizamos para buscar informações para escolher o tema deste trabalho, descobrimos uma notícia interessante na CNN: no Canadá se aprovava uma lei pela qual o estado permitia o uso de maconha com fins terapêuticos em uma série de doenças crônicas e terminais.
A legalização da maconha é um tema bastante controvertido, pela quantidade de interesses ocultos que existem por trás da mesma, sobretudo sociais e econômicos.
Essa falsa concepção que existe, relacionando os usuários da Cannabis à “vagabundagem”, cairia por água abaixo com a sua legalização. Assim como acreditamos que, se a natureza nos deu substancias para combater quase todas as doenças, seria um absurdo omitir o valor da Cannabis para o uso medicinal.
2 – CÂNHAMO: MEDICINA MILENAR
Já se passaram quase 5.000 anos desde a primeira referencia escrita sobre o uso médico do cânhamo. Em 2737 a.C, o imperador chinês Shen Nung, em seu compêndio de ervas medicinais já recomendava a Cannabis para um grande número de disfunções e enfermidades. Em todas as grandes culturas ancestrais, encontramos referencia de primeira ordem que nos recordam a importância secular desta planta no cuidado da saúde da humanidade. Citando as mais relevantes, na Índia temos o Athavarda Veda, que atesta o valor da planta sagrada usada em rituais religiosos. Também o Zend-Avesta pesa, o Susruta assírio, e diversos papiros egípcios, citam a Cannabis como planta medicinal de grande valor. Na Odisséia de Homero, Helena usa a Cannabis para aliviar suas dores.
A medicina ocidental iniciada por Hipócrates e Galeno, também recomendava o seu uso. O obscurantismo religioso medieval, precursor do atual obscurantismo proibicionista, levou este valioso saber ao esquecimento. Com o resurgimento da medicina empírica no Renascimento, que a nossa cultura voltou a recuperar essa valiosa fonte de saúde que outras culturas haviam conservado. As campanhas Napoleônicas no Egito e, sobretudo a colonização inglesa na Índia, serviu para situar a Cannabis e seus derivados num lugar preeminente de nossa farmacopéia. Mais tarde no século VII, diversos médicos e psiquiatras a utilizavam para combater estados de ansiedade e para amenizar o sofrimento dos afligidos por dores da alma.
No final do século IX Sir John Russell Reynolds, médico particular da rainha Victória afirmava: “puro e administrado corretamente, é um dos fármacos mais valiosos que possuímos”.
A proibição, no início do século XX, fruto de questões morais e religiosas, e auspiciadas por interesses econômicos, chocou com os pronunciamentos contrários de reputados médicos e instituições. Estes “hereges” foram tratados sem piedade, desprestigiados, arruinadas suas carreiras profissionais e tratados como delinqüentes. Uma vez eliminados os pecadores, essa nova inquisição tentou eliminar o pecado: o conhecimento e a investigação sobre o uso terapêutico da Cannabis. Ao medo dos médicos se juntou uma campanha de manipulação sobre a opinião científica, que criou uma imagem de droga prejudicial ao extremo para a saúde, geradora de todo tipo de deterioramento físico e condutas anti-social.
No Brasil a maconha surgiu, trazida pelos escravos da região de Angola. Por isso é conhecida como “Fumo de Angola”. Os negros utilizavam nos rituais religiosos, culturais e para aliviar as dores da alma e do corpo.
Os senhores de engenho, preocupados em denegrir a imagem dos negros, passaram a associar a droga à vagabundagem. Diziam que os negros utilizavam a droga para não realizarem os trabalhos. Assim sendo, a discriminação ocorreu desde que a maconha aqui chegou.
3 – CANNABIS SATIVA – MACONHA
Cannabis é um gênero de plantas herbáceas de grande tamanho. Da espécie cannabis sativa se obtém o cânhamo e diversas drogas alucinógenas.
A cannabis sativa é um arbusto silvestre que cresce em zonas temperadas e tropicais, podendo chegar a uma altura de seis metros, extraindo de sua resina o haxixe. Seu componente pisco ativo mais relevante é o delta-9-tetrahidrocanabinol (delta-9-THC), contendo a planta mais de sessenta componentes relacionados. Os fármacos psicotrópicos descobertos até agora contêm sempre alcalóides indólicos. A única exceção a essa regra é o cânhamo, pois o THC não contém nitrogênio e não é, portanto um alcalóide.
A maconha é o produto formado pelas subunidades floridas, folhas, frutos, talos, sementes do cânhamo. Uma vez secos são triturados finamente, por isso tem uma aparência de tabaco, variando sua coloração segundo a sua procedência de verde a marrom.
Seu consumo se realiza de forma pura ou mesclada com tabaco, podendo ainda ser encontrada em forma de cápsulas, incensos e chá. Os efeitos da mesma variam dependendo da sua riqueza em THC. Essa riqueza depende do clima em que cresceu a planta, método de cultivo, armazenamento e colheita. Seus efeitos podem ser similares ao do haxixe, porém menos potentes.
Consome-se preferencialmente fumada, mas pode realizar-se infusões com efeitos distintos. O cigarro de maconha pode conter 150 ml de THC e chegar até o dobro, caso seja consumida com o óleo de haxixe. Em respeito à dependência, se considera primordialmente psíquica, os sintomas característicos da intoxicação são: ansiedade, irritabilidade, tremores, insônia, muito similares aos das benzodiacepinas.
O consumo oral da maconha implica efeitos psicológicos similares aos expressados na forma fumada, porém em maior intensidade e duração, e com efeitos nocivos potencializados.
A maconha pura contém inúmeros agentes químicos, alguns deles sumamente causam danos à saúde. Porém o THC em forma de pílula para consumo oral (não se fuma), poderia ser utilizado no tratamento dos efeitos colaterais (náuseas e vômitos) em alguns tratamentos contra o câncer. Outro químico relacionado com o THC (nabilone) foi autorizado pela “Food and Drug Administration” para o tratamento dos doentes de câncer que sofrem de náuseas. Em sua forma oral o THC é usado em doentes com AIDS, porque os ajuda a comer melhor e manter seu peso.
O THC afeta as células do cérebro encarregadas da memória. Isto faz com que a pessoa tenha dificuldade em recordar eventos recentes (como os que se sucederam a minutos atrás), e dificulta o aprendizado quando da influencia da droga. Ao ser fumada é facilmente absorvida pelos pulmões e passam rapidamente ao cérebro. Seus efeitos se manifestam poucos minutos após, e podem durar entre duas e três horas.
4 – EFEITOS
A maconha fumada causa a maioria dos mesmos problemas de saúde relacionados ao tabaco. Fumada ou comida, a maconha pode quebrar o equilíbrio, a coordenação física e a percepção visual. Isto pode ser perigoso ao dirigir um automóvel ou operar máquinas. Algumas pessoas se sentem narcotizadas (desorientadas e vertiginosas) ao usar a maconha. Esse efeito pode ser mais forte quando se come que quando se fuma.
Alguns usuários desenvolvem uma tolerância a maconha. Isto significa que necessitam de doses cada vez mais altas para conseguirem o mesmo efeito. Os usuários também podem tornar-se dependentes da maconha e podem ter síndrome de abstinência quando deixam de usa-las.
O principal inconveniente para o uso estritamente médico da cannabis, é o chamado efeito “globo” ou “muito doido”, que consiste em um transtorno das conexões nervosas que produz um fenômeno de dispersão mental, debilitando a memória imediata e dispersando as faculdades discursivas.
O efeito psicotrópico da cannabis, similar ao de outras substancias como o LSD, Peiote, Psilocibina, consiste basicamente em uma sensibilidade incrementada que leva também a uma certa falta de equilíbrio e de segurança psíquica do sujeito, acompanhada de uma “alteração do estado de consciência”.
Esses efeitos em gente insegura podem acabar em reações de pânico e ansiedade. De todas as formas esses casos são escassos. Pois as pessoas propensas a isso, normalmente deixam o consumo. A maconha reduz a tensão sangüínea (por isso seus efeitos relaxantes), e em caso de abuso pode produzir o desmaio momentâneo do consumidor “teto branco”, que com uns minutos de relaxamento e um pouco de glicose, se solucionam.
5 – POSSIBILIDADES TERAPEUTICAS
Todos os atos médicos estão baseados no binômio risco-benefício, e a maconha não é uma exceção. Apesar do THC ser o principio ativo mais estudado, existem outros componentes com possíveis usos terapêuticos, como o: canabidiol. O possível uso terapêutico dos canabinoides, mede-se com os mesmo parâmetros com que se valora outras moléculas potencialmente terapêuticas, ou seja, baseada em analises cientificas metodologicamente rigorosas.
Os riscos do consumo da maconha não devem ser considerados apenas em função dos efeitos adversos agudos, senão também e, sobretudo nos efeitos de longo prazo em sujeitos com doenças crônicas, dadas os riscos de aparição de tolerância aos ditos efeitos terapêuticos.
Fatores como a idade, o estado imune, e o desenvolvimento de doenças intercorrente ou concomitante deve ser considerado na determinação do risco. Nos estudos levados a cabo até o momento, a maconha pode ter utilidade terapêutica em:
• Analgesia – existem evidencias da capacidade analgésica da maconha. Estudos indicam que existe uma estreita margem terapêutica entre as doses efetivas e as que provocam efeitos indesejáveis no sistema nervoso central;
• Transtornos Neurológicos e dos Movimentos – há evidencias de que a maconha melhora os espasmos provocados pela esclerose múltipla e a lesão parcial da medula espinhal, porém não há publicações de que a cannabis seja superior ou equivalente a terapia existente;
• Náuseas e Vômitos Associadas a Terapias Oncológicas – em estudos sobre pacientes que não conseguiram alivio mediante a medicina tradicional(Reino Unido), 78% admitiram uma notável melhoria ao fumar maconha, na Europa, desde 1985 os oncologistas foram legalmente autorizados a administrar oralmente o THC sintético em forma de cápsulas;
• Glaucoma – o descobrimento de que a maconha reduz a pressão intraocular, se deu acidentalmente em experimento na Universidade da Califórnia. Os sujeitos da experiência eram totalmente voluntários que fumavam maconha cultivada pelo governo. A maconha reduziu a pressão intraocular por uma média de 4 a 5 horas. Os investigadores concluíram que a maconha pode ser mais útil do que os medicamentos convencionais e provavelmente atua por um mecanismo diferente, essa conclusa foi confirmada em experiências adicionais com seres humanos e estudos com animais;
• Estimulante do Apetite – estudos clínicos e de segmento em população sadia, mostraram uma forte relação entre o uso de maconha e o aumento do apetite. A maconha aumenta o prazer de comer e o numero de refeições ao dia “larica”;
• Estresse – pode ser um bom alimento para o espírito, porque a fumaça aromática ajuda a reconciliação com nós mesmos;
• Insônia – inúmeras pessoas que sofrem de insônia encontraram no uso da maconha uma forma de dormir com tranqüilidade;
6 – IMPACTO SOCIO-ECONÔMICO DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
Há muitas questões a analisar sobre a legalização das drogas, pois a aceitação ou não terá uma grande influencia na sociedade e na economia.
As pessoas que são a favor da legalização assumem que o governo não pode evitar que façamos danos a nós mesmos, se nós mesmos não podemos fazê-lo.
Alegam que se não podem legalizar a s drogas, por que então legalizaram o álcool e o tabaco, que causam danos e podem ocasionar a morte. Alegam também que não podem proibir nada, se não causa danos a terceiros.
O tema da legalização e da descriminalização das drogas tem a ver com uma pergunta: que deve fazer o governo? O governo pode evitar que façamos danos uns aos outros, evitar que matemos, seqüestremos, pode garantir a seguridade e a justiça, que são as legitimas funções do governo.
A proibição atenta contra a liberdade de consumir. É mais confiável correr o risco do mau uso e da liberdade, sempre e enquanto não atente a terceiros, do que esperar a ação cada vez mais rara do governo.
Afirma-se que o narcotráfico é causa da proibição das drogas, e para que o narcotráfico, que se converte em narcopolítica, desapareça, é necessário legalizar e regulamentar o consumo de drogas, levando em consideração que isso não acabará com o consumo, mas sim com o narcotráfico.
Tem que se distinguir o narcotráfico, do consumo de drogas. Este é um problema de saúde, muito diferente do narcotráfico, que é um grave problema de segurança nacional. “O modelo repressivo de combate às drogas, muito bem simbolizado pela chamada” guerra contra as drogas, comprovadamente falhou”. (Rocco, 1996. P.07).
Legalizando e regulamentando o consumo de drogas, não se resolve o problema do vicio, mas sim elimina o narcotráfico, que pode ajudar em certa medida a redução do problema do vicio, por duas razões:
1) Os recursos que o governo utiliza para combater (sem resultados proporcionais), ao narcotráfico, poderiam destinar-se a combater mais eficazmente (prevenção e reabilitação), dos viciados;
2) Eliminando o narcotráfico, se elimina uma importante fonte de oferta de drogas, que se encarrega de “fazer propaganda” do produto entre os mais desprotegidos da sociedade (crianças e jovens), com os quais os narcotraficantes fazem um esforço para “fisga-los”.
Aos narcotraficantes, é conveniente que se aumente à demanda por seus produtos e se esforçam para que assim seja. Eliminando-se o narcotráfico, elimina-se uma fonte de oferta, que está muito interessado em que a demanda cresça cada vez mais.
O narcotráfico se converteu numa atividade que lucra milhões de dólares por ano e que corrompem o mundo. Com essas cifras eles financiam guerrilhas e golpes de estado, transformando o narcotráfico em narcopolítica. Desaparecendo o lucro, desaparece também o narcotráfico.
Porém, a legalização não seria um processo que aconteceria em um único tempo. É difícil pensar em legalizar todos os tipos de drogas de uma só vez. Acredita-se que a legalização da maconha seria o primeiro passo nesse processo, por ser ela uma droga que trás benefícios à sociedade, e que é amplamente consumida por diversas camadas sociais.
Desmistificando assim uma droga que trouxe consigo inúmeros preconceitos, desde sua associação aos negros escravos até os dias atuais, onde está associada a marginalidade e proibida por uma legislação ultrapassada (que classifica os usuários como verdadeiros marginais), estaríamos evoluindo verdadeiramente para uma solução acertada.
7 – CONCLUSÃO
É necessário pensar a questão da legalização deslocando o enfoque dado a droga para o sujeito. Com isso, estaremos envolvidos em ações que possibilitem uma intervenção direta na sociedade, pois os recursos destinados hoje em dia ao combate do narcotráfico, estariam a disposição para serem aplicados na recuperação dos usuários.
REFERENCIAS
1. OLIEVENSTEIN, Claude. A Droga. Tradução Marina Camargo Celidônio. São Paulo: Brasiliense, 1980.
2. HUXLEY, Aldous. As Portas da Percepção e Céu e Inferno. Tradução Osvaldo de Araújo Souza. Rio de Janeiro: Globo, 1987.
3. BAUDELAIRE, Charles. O Poema do Haxixe. Tradução Annie Paulette Marie Camber. Rio de Janeiro: Newton, 1996.
4. Rocco, Rogério. O que é legalização das Drogas. 11aed , São Paulo, ed.brasiliense, 1996.
5. Nahas GG. The medical use of cannabis. En. Nahas GG, eds. Marihuana in Science and Medicine. New York: Raven Press; 1984.
6. Hall W, Solowji N, Lemon J. The health and psychological consequences of cannabis use. Monograph Series No. 25. National Task Force on Cannabis; 1994.
7. Segal M. Cannabionids and analgesia. En: Mechoulam R., ed. Cannabinoids as therapeutic agents. Boca Ratón, Florida: CRC Press; 1986.
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Francisco Alejandro Horne
Acadêmico das Faculdades Jorge Amado - BA.
Inserido em 10/9/2006
Parte integrante da Edição no 195
Código da publicação: 1537
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Original encontra-se em: Boletim jurídico
terça-feira, 31 de maio de 2011
A Marcha da Maconha e a violância injustificável da Polícia em Charge da Folha de S.Paulo
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
Editorial da Folha de São Paulo sobre a Marcha da Maconha 2011
Direitos espancados
As cenas de agressão policial a manifestantes da Marcha da Maconha e a jornalistas que cobriam o evento, na avenida Paulista, são resultado da visão embotada de alguns juízes, incapazes de distinguir entre a liberdade de expressão e a apologia ao crime.
A decisão de um desembargador de proibir a marcha não é a primeira. Desde 2008, a Justiça vem barrando manifestações semelhantes. O teor das decisões ao longo dos últimos anos é quase idêntico -alegam não se tratar de um debate de ideias, mas sim de uma iniciativa para o consumo público coletivo da maconha.
O argumento é falacioso. Os juízes não têm como saber, de antemão, se os participantes estarão lá para consumir substâncias ilícitas. Se isso vier a ocorrer, devem ser tratados de acordo com a lei vigente no país, mas a mera possibilidade não pode servir de base para a proibição de manifestação legítima a favor de uma ideia, por controversa que seja (legalização de droga considerada "leve").
Tais determinações judiciais parecem ignorar, também, que existe um debate muito mais amplo na sociedade, não restrito apenas a usuários e especialistas, em torno do que fazer em relação à complexa questão das drogas.
Relatório de 2009, de um grupo liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e por colegas da Colômbia e do México, defendia que a guerra às drogas fracassou e cobrava um debate público sobre alternativas, inclusive a descriminalização. No final do ano passado, foi o governador do Rio, Sérgio Cabral, quem se posicionou pela discussão acerca da legalização das drogas leves.
Proibições a manifestações pacíficas e sem objetivo declarado de ferir a lei não vão frear o debate. Servem apenas, como foi o caso em São Paulo, para favorecer a exibição de despreparo das forças de segurança, que agiram com inaceitável truculência, sob o pretexto de cumprir ordem judicial.
Duas ações no Supremo Tribunal Federal, em andamento desde 2009, contestam pontos da atual legislação empregados nas decisões dos juízes para proibir as manifestações por suposta apologia ao consumo de drogas.
O STF deve manifestar-se o quanto antes e cumprir sua função de garantidor da Constituição, que ampara de modo inequívoco o direito à liberdade de expressão
Editorial do Jornal FOLHA DE SÃO PAULO
As cenas de agressão policial a manifestantes da Marcha da Maconha e a jornalistas que cobriam o evento, na avenida Paulista, são resultado da visão embotada de alguns juízes, incapazes de distinguir entre a liberdade de expressão e a apologia ao crime.
A decisão de um desembargador de proibir a marcha não é a primeira. Desde 2008, a Justiça vem barrando manifestações semelhantes. O teor das decisões ao longo dos últimos anos é quase idêntico -alegam não se tratar de um debate de ideias, mas sim de uma iniciativa para o consumo público coletivo da maconha.
O argumento é falacioso. Os juízes não têm como saber, de antemão, se os participantes estarão lá para consumir substâncias ilícitas. Se isso vier a ocorrer, devem ser tratados de acordo com a lei vigente no país, mas a mera possibilidade não pode servir de base para a proibição de manifestação legítima a favor de uma ideia, por controversa que seja (legalização de droga considerada "leve").
Tais determinações judiciais parecem ignorar, também, que existe um debate muito mais amplo na sociedade, não restrito apenas a usuários e especialistas, em torno do que fazer em relação à complexa questão das drogas.
Relatório de 2009, de um grupo liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e por colegas da Colômbia e do México, defendia que a guerra às drogas fracassou e cobrava um debate público sobre alternativas, inclusive a descriminalização. No final do ano passado, foi o governador do Rio, Sérgio Cabral, quem se posicionou pela discussão acerca da legalização das drogas leves.
Proibições a manifestações pacíficas e sem objetivo declarado de ferir a lei não vão frear o debate. Servem apenas, como foi o caso em São Paulo, para favorecer a exibição de despreparo das forças de segurança, que agiram com inaceitável truculência, sob o pretexto de cumprir ordem judicial.
Duas ações no Supremo Tribunal Federal, em andamento desde 2009, contestam pontos da atual legislação empregados nas decisões dos juízes para proibir as manifestações por suposta apologia ao consumo de drogas.
O STF deve manifestar-se o quanto antes e cumprir sua função de garantidor da Constituição, que ampara de modo inequívoco o direito à liberdade de expressão
Editorial do Jornal FOLHA DE SÃO PAULO
domingo, 22 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Jornal Brasil de Fato publica matéria sobre a Marcha da Maconha
A Marcha da Maconha faz apologia ao crime ou sua proibição é que faz apologia ao autoritarismo?
Defender a proibição das drogas é fazer apologia à violência
17/05/2011
Julio Delmanto
Edição 428 - de 12 a 18 de maio
Defender a proibição das drogas é fazer apologia à violência
17/05/2011
Julio Delmanto
Que as chamadas “drogas”, sejam legais ou ilegais, não têm vida própria e que seus efeitos dependem da forma como são usadas, sendo as políticas de drogas brasileiras as responsáveis pela violência do Estado e do crime já é um entendimento cada vez mais difundido.
Defender tais políticas é defender a manutenção do status-quo, é defender que um mercado com altíssima demanda não tenha qualquer regulamentação e seja controlado pelo crime, é dar ao Estado mais um instrumento de criminalização da pobreza, assassinato seletivo e corrupção, é acreditar na repressão e na mentira como ferramentas educativas e de saúde e aceitar o cínico discurso intervencionista estadunidense.
Defender a proibição das drogas é fazer apologia à violência.
É sobre isso que nós, militantes do que é chamado de movimento antiproibicionista, estamos acostumados a debater, é sobre isso que gostaríamos de conversar de maneira franca e séria com a sociedade brasileira, principalmente com aqueles interessados em provar na prática que um outro mundo de fato é possível.
Mas infelizmente enquanto o mundo discute alternativas às fracassadas políticas de drogas, no Brasil ainda lutamos para… poder debater o tema! O artigo 5º de nossa cada vez mais desmoralizada Constituição diz que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”; que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta”. Mais adiante, aponta também que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
Também temos no documento supostamente mais importante de nossa República um ponto onde se diz que “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente” e outro que diz que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar”.
Por que isso vale para os manifestantes neo-fascistas e homofóbicos que se reuniram recentemente debaixo do vão do MASP, sob proteção policial, para apoiar o nefasto Bolsonaro e não vale para a Marcha da Maconha, movimento que propõe exatamente discutir alternativas que retirem da ilegalidade uma conduta?
A Marcha da Maconha é um movimento anônimo ou o são policiais e juízes que interpretam a lei como bem entendem e nunca são chamados a se justificarem publicamente sobre isso? A Marcha da Maconha exime-se de obrigações legais ou usufrui da liberdade de manifestação do pensamento para propor a existência de outras leis? A Marcha da Maconha necessita de licença para exercer sua livre expressão?A Marcha da Maconha frustra outras reuniões? As “autoridades competentes” não são informadas ano após ano de sua realização? É uma organização paramilitar? Sob quais bases o poder judicário brasileiro proíbe a realização de uma manifestação pacífica em algumas regiões enquanto em outras ela acontece normalmente?
Diz-se que a Marcha faz “apologia às drogas”. Em primeiro lugar, não existe esse delito previsto em lei, e sim o de apologia ao crime, que é o disfarce utilizado pelo o conservadorismo preconceituoso e medieval dos nossos agentes da lei, fiscais dos corpos e ideias da população.
A apologia ao crime se caracteriza legalmente pela defesa pública de fato criminoso ou de autor de crime condenado pela Justiça. A Marcha da Maconha existe para defender a mudança da lei brasileira de drogas, isso é um fato criminoso? Fazem apologia ao crime órgãos de imprensa que debatem o tema? Políticos que se expressam publicamente propondo mudanças na lei? Acadêmicos, artistas, juristas e juízes que têm opiniões sobre a questão? Por que debater políticas de drogas é permitido na mídia, no parlamento e na academia e nas ruas não?
Ou é nosso poder Judiciário que faz apologia ao autoritarismo e ao totalitarismo? A situação encaixa claramente com o que aponta Norberto Bobbio, ao mostrar como o “autoritarismo é uma manifestação degenerativa da autoridade”, é “uma imposição da obediência e prescinde em grande parte do consenso dos súditos, oprimindo sua liberdade”. E também infelizmente flerta com o que traz Hannah Arendt ao afirmar que o totalitarismo “não substitui um conjunto de leis por outro, não estabelece o seu próprio consensus iuris, não cria, através de uma revolução, uma nova forma de legalidade”; a política totalitária simplesmente busca, através da ideologia e do terror, suprimir a diferença até que a lei não seja necessária, até que a liberdade não seja nem mais pensada como tal.
Nossas ruas pertencem à Polícia e ao Judiciário ou ao povo? Pensar, dialogar, atuar, manifestar, botar a cara à tapa, são atitudes criminosas?
Se sim, senhores juízes, não tragam viaturas, tragam ônibus, porque muita gente estará no MASP no dia 21 de maio, esperando pacificamente mais uma aula pública de violação da Constituição e da Democracia.
Júlio Delmanto é jornalista, mestrando em História Social na USP, membro dos coletivos antiproibicionistas Desentorpecendo a Razão (DAR) e Marcha da Maconha
.Edição 428 - de 12 a 18 de maio
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Veja: Você é contra ou a favor da Marcha da Maconha
Vídeo produzido pelo Coletivo DAR - http://www.coletivodar.org/
Participação de Sophia Reis, Thaíde, Daniel Ganjaman, Soninha Francine, Henrique Carneiro, Cristiano Maronna, Maurício Fiore, Débora Prado, Alexandre Youssef, Givanildo Manoel, André Barros e Kenarik Felipppe.
Participação de Sophia Reis, Thaíde, Daniel Ganjaman, Soninha Francine, Henrique Carneiro, Cristiano Maronna, Maurício Fiore, Débora Prado, Alexandre Youssef, Givanildo Manoel, André Barros e Kenarik Felipppe.
domingo, 15 de maio de 2011
A "A.S.M.A." - Saiba um pouco de nossa história
O coletivo A.S.M.A. foi fundado na década de 90 inicialmente como uma brincadeira entre amigos, com o passar do tempo, estudando as questões da proibição da maconha e a desigualdade social, decidimos tomar uma posição séria sobre estes e outros temas que envolvem nossa sociedade, estivemos sumidos nestes últimos tempos, mas esperamos, a partir de agora, contribuir efetivamente neste importante debate.
Reunidos no Espaço Cultural Florestan Fernandes e em Centros Acadêmicos iniciamos nossa organização.
Nossa luta é pela legalização da maconha, pois acreditamos que a sua proibição gera repressão e a segregação social, somos eco-socialistas e antiproibicionistas!
Reunidos no Espaço Cultural Florestan Fernandes e em Centros Acadêmicos iniciamos nossa organização.
Nossa luta é pela legalização da maconha, pois acreditamos que a sua proibição gera repressão e a segregação social, somos eco-socialistas e antiproibicionistas!
sexta-feira, 13 de maio de 2011
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